sexta-feira, 28 de março de 2008

Ai ai, Mel Gibson, que maldade...


Fui assistir 10.000 A.C. e foi uma decepção. A sinopse do filme é o seguinte: a historinha toda se passa na antiguidade, em um tempo quando homens e animais ferozes e pré-históricos lutavam por espaço e sobrevivência. O menino D’Leh (Steven Strait), filho de um guerreiro (que todos achavam que era um covarde e depois o guri descobre o heroísmo do pai e se inspira para o final mais provável que o filme poderia ter) liderou uma "expedição" de selvagens (homens), em busca de sua amada Evolet (Camilla Belle). O guri teve que passar por desertos, tempestades de gelo, enfrentar mamutes e tigres dente-de-sabre (digitais, mas bem feitinhos). Tudo isso porque a mocinha tinha sido raptada e levada para uma civilização "perdida" (perdida não, achada, por um bando de espertos oportunistas que raptavam pessoas de povos aleatórios e os escravizavam para construir um grande império - o Antigo Egito).
Ok, méritos para os efeitos digitais que foram hollywoodianamente bem feitinhos (mas nada de deixar ninguém de queixo caído) e méritos também para um sentido legal de revolução, dos trabalhadores, de união inter-racial entre os povos que o mocinho D’Leh juntou para o acompanhar na sua missão de tirar sua amada das mãos do malvadão guerreiro que queria possuí-la. Aliás, tem uma cena ótima (méritos também pra fotografia do suíço Ueli Steiger) da despedida de D'Lei e seu aliado, do povo negro, Nakudu (Joel Virgel). Os dois se cumprimentam com um abraço, aproximando suas testas, como se quisessem eternizar aquele momento de agradecimento mútuo. O contraste das cores de suas peles e a fotografia eternizaram aquele instante. Muito bonito.
O que não dá pra deixar passar na produção dirigida por Roland Emmerich, e que arrecadou quase 80 milhões de dólares nas três primeiras semanas de bilheteria nos EUA, é a simplorisse dos caras falarem tudo em Inglês, da Evolet ter sido toda maquiadinha, com aquela lente de contato falsa (percebam a foto)... oras, oras, depois das produções de "A Paixão de Cristo" (2004) e "Apocalypto"(2006), Mel Gibson, enquanto diretor, criou um marco para filmes de épocas pré-históricas, que trate do início de qualquer civilização (essa foi a maldade). A história das últimas 12 horas de Jesus Cristo foi contada com os atores falando aramaico e latim, e a decadência do império Maia foi falado no próprio dialeto do povo.
Cara, depois disso, é quase que obrigação evoluir as produções para longe daquele padrãozinho norteamericanês.
Em "10.000 A.C.", D'Leh e seu povo falam em Inglês e ainda precisam de tradutor para se comunicar com os povos que não falavam a sua língua. Que coisinha mais irritante isso, como se os povos da antiguidade fossem agir assim, com tradutores, como se o povo que fosse libertar os escravos no Egito fosse falar Inglês... arghs! Tirando isso, a velha receitinha de bolo: a linda mocinha que é raptada, e seu amado mocinho comanda um exército para salvá-la e no final todo mundo já sabe... o filme só vale a pena porque é cinema, cinema é entretenimento e a pipoca é boa.

2 comentários:

Rose disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rose disse...

então continua tudo como dantes no quartel de Abrantes... ou nesse caso: Hollywood... um dia vou ver...

abraços Fran